O esforço se justifica assim que a água transparente aparece.

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Tudo azul, todo mundo nu. E meio exausto: para chegar à praia Olho de Boi, em Búzios (RJ), é preciso suar a camisa (ou o torso onde haveria uma camiseta, caso não se tratasse de reduto naturista). Mas o esforço se justifica assim que a água transparente aparece.

A praia OLHO DE BOI é um minúsculo espaço coberto por uma espécie de farinha de conchas misturada com areia, incrustada entre dois paredões de rochas de origem vulcânicas, situada no município de Armação de Búzios, no litoral do estado do Rio de Janeiro. Suas águas são calmas na maior parte do ano, porém em geral são frias, e cobrem muitas pedras no leito do mar. Muitas vezes por ano a praia é invadida por centenas de água-vivas. O que faz com que o banho se torne ainda mais complicado.

O acesso é difícil. O visitante deve atravessar uma trilha de quase um quilômetro por cima de um morro com cerca de 30 metros de altura. A descida para a praia é a mais complicada, pois é bem íngreme, o que ocasiona constantemente escorregões nos aventureiros que ousam fazer a travessia, deixando-os com os fundilhos sujos de barro e, às vezes, arranhados.

Falando dessa maneira parece que estamos falando de um inferno, mas, ao contrário, quem freqüentava a praia OLHO DE BOI há muitos anos acha que tinha encontrado o paraíso.

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Quando Búzios, outrora um distrito do Município vizinho de Cabo Frio, começou a ficar mais povoado na década de 80, as pessoas passaram a procurar praias mais isoladas para continuar fazendo o que era muito comum até então nas diversas praias da região: o top less e o nudismo. Devido aos seus aspectos de isolamento provocados por seu difícil acesso, OLHO DE BOI passou a ser freqüentada por muitas dessas pessoas que procuravam uma praia alternativa. Inicialmente poucos se aventuravam e a praia ficava inteiramente deserta quase que o ano todo, mas com o espalhamento da notícia de que havia mulheres (e homens) nuas começaram a aparecer aqueles curiosos chatos, ou seja, aqueles que vão “só para dar uma olhadinha” jamais para se juntar mas que acabam constrangendo os que procuram a paz de lugares isolados.

No início da década de 90, o então prefeito de Cabo Frio, Ivo Saldanha, oficializou a praia como Naturista, a pedido da Rio-NAT (antiga associação naturista do estado do Rio de Janeiro). Desde então o número de freqüentadores só tem aumentado, tanto dos que procuram o lugar para fazer nudismo quanto dos “curiosos” chatos. No final da década passada um grupo de freqüentadores se organizou e, com apoio dos demais, decidiu que uma “força-tarefa” seria criada para esclarecer os visitantes da necessidade de todos ficarem nus naquele lugar, para evitar constrangimentos aos que realmente amam o lugar. Poderia ter sido o embrião para o surgimento de uma associação naturista para a praia, que pudesse cuidar dos interesses do coletivo, mas não foi o que ocorreu.

Hoje em dia muitos freqüentadores antigos da praia se sentem ameaçados. Muitos dizem que não há mais tranqüilidade por causa da grande afluência de visitantes, especialmente no verão. Muitos destes não são naturistas e procuram a praia com intenções secundárias, como procura de sexo fácil, totalmente contrárias à filosofia naturista. Não respeitam espaços nem pessoas. Comportam-se como se estivessem numa feira, gritando e sendo inconvenientes. Acabam com a tranqüilidade do lugar. Reportagens difamatórias como a publicada na revista PLAYBOY no ano de 2000, também contribuem para estragar um trabalho que veio sendo feito ano a ano. Além disso, a própria prefeitura não dá o apoio devido por que tem medo de se comprometer com seu eleitorado evangélico, maioria absoluta na cidade.

Conversando com alguns freqüentadores atuais e antigos, que preferem não se identificar, são apontados muitos dos problemas. Um rapaz que sempre esteve na praia durante o ano todo, e durante muitos anos, juntamente com sua noiva diz que não se sente mais à vontade para tirar as roupas e nem permite que sua noiva as tire, pois o número de homens desacompanhados é muito grande e ele acredita que a grande maioria só vai lá para ver as mulheres nuas na praia, e não para curtir o Naturismo em sua plenitude. Aponta também que o número de barraqueiros na praia é excessivo para a área, o que acaba atraindo cada vez mais curiosos. Acha que a solução seria impedir a entrada de homens desacompanhados de mulheres, permitindo apenas casais, famílias e mulheres.

Uma outra freqüentadora discorda e acha que a solução é de educação e não de exclusão. E aponta que também algumas mulheres comparecem à praia com segundas intenções, no sentido exibicionista e de conseguir uma “transa” imediata, justamente o que acaba atraindo os homens inconvenientes. Mas, infelizmente, aponta, também, casais que vão com segundas intenções e fazem da praia seu local de relacionamento para conhecimento de outros casais, de homens e de mulheres para a atividade sexual que está em moda no momento: “o swing” ou troca de casais. Ela mesma, que costuma ir sozinha à praia, já foi abordada várias vezes pelas mulheres dos casais. Nada contra. Acha que cada um faz o que quiser. Mas não acha esse comportamento adequado ao Naturismo e acha que isso pode atrair mais swingers e menos naturistas. Mas acha que também não há como ler as mentes das pessoas e o máximo que pode ser controlado é o comportamento. Portanto não adianta se esquentar com possibilidades e sim com realidades. Se o comportamento for inconveniente, ele deve ser criticado pelo naturista. O naturista é que deve assumir sua posição de naturista ostensivamente e falar abertamente quando uma situação não for adequada às normas.

Um outro freqüentador diz que um dos principais problemas da praia é a grande afluência de homossexuais, porém questionado sobre o que fazem os homossexuais na praia, ele não respondeu nada diferente do que fazem outras pessoas inconvenientes, ou seja, ir à praia com intenções sexuais, mas pode-se afirmar que todos os gays vão com essas intenções? Isto não seria um preconceito?

De uma família presente, o pai indicou o acesso como o principal problema da praia, as dificuldades impediriam mais famílias com crianças chegar ao local e também pessoas mais idosas, o que acaba descaracterizando o naturismo de uma forma geral.

Conversando com um gay bastante conhecido entre os freqüentadores e bem aceito pela comunidade da praia, ele afirmou que a maior dificuldade é por parte dos “maresias” heterossexuais, que vão ao local só para azarar as mulheres. Define maresias geralmente como homens de idades diversas, casados ou comprometidos, que vão muito à praia, jamais com suas esposas ou namoradas, na grande maioria moradores da região, bebem muito e se locomovem bastante pela pequena área de areia e pedras. “Estão sempre procurando um melhor lugar para ficar observando a mulher alheia”.

O Naturismo está longe de querer ser puritano e de querer dirigir a mente de seus adeptos, incutindo valores morais do certo e errado, estabelecendo pecados. O Naturismo não pretende ser uma religião: é apenas um estilo de vida baseado no respeito mútuo e de obediência a certas regras comportamentais para quem estiver no meio e na prática naturista. É preciso estar consciente de que sem regras os locais podem se dissolver e simplesmente implodir. O que parece urgente é a criação de uma associação naturista para a praia Olho de Boi, a qual poderá em seus estatutos estabelecer as regras comportamentais para seus associados, e poderá ter força política para exigir das autoridades maior carinho e atenção para esta pequena pérola. Mas não pode sucumbir a preconceitos, deve ser aberta, porém rígida. Ponho à disposição meu e-mail para quem estiver interessado em começar um grupo para discussão dessas questões, visando no futuro a uma organização associativa. [email protected] . Eu mesmo freqüentador há mais de dez anos daquelas areias desejo profundamente que a OLHO DE BOI não tenha a mesma sorte da praia Brava de Cabo Frio, totalmente abandonada pelas autoridades e pelos naturistas.

Partindo do extremo direito da Praia Brava, temos a trilha a Praia Olho de Boi, muito íngreme e de acesso muito difícil.
Do centro da Praia Brava, leva-se cerca de 40 a 45 minutos para alcançar esta Praia.

O acesso difícil e nenhuma infra-estrutura nesta praia, a não ser um senhor que há 27 anos vende água, água de coco e algumas outras bebidas tornou esta praia perfeita para a prática de naturismo.

Não é permitido na faixa de areia e no ar o uso de qualquer peça de roupa, apenas pode-se ficar vestido nas pedras que circundam a praia.

A praia é muito pequena, porém de beleza única, o mar é um pouco bravo, e transparente.

O nome deu-se a uma semente vermelha muito encontrada nessa praia, que se assemelha a um olho de boi.

A trilha que leva da praia Brava até lá é insidiosa. Meia hora de cansaço depois, você vai perder o que restou de fôlego com a vista: águas de um azul mediterrâneo banham a praia, que mistura areia com pedra.

Ao contrário de Abricó, também no Rio, a nudez é mais um pedido, feito numa placa, do que uma ordem. Uma vez naturalizado, as opções são andar pela faixa de areia, o que leva menos de 15 minutos, ou amainar o calor com a água gelada e calma.

O mergulho perto das pedras permite ver a vida submarina, que abunda no local. Peixes, arraias, cavalos-marinhos e outras criaturas dão as caras sem timidez.

De companhia humana, só uma barraca. A caipirinha de cachaça é doce, ainda que um tanto salgada –R$ 30 por quase meio litro. Os preços de cadeira e de guarda-sol variam de R$ 20 a R$ 40, a depender do sotaque do freguês.

 

PERFIL agito
Acesso fácil? não
Nudismo é obrigatório? não
Homem pode ir sozinho? sim
Tem infraestrutura? sim, mas com restrições
Fiscalização: Filiada à FBrN. O Código de Ética é fiscalizado pelos freqüentadores.